Causos do cotidiano contados por mim mesmo

sexta-feira, maio 04, 2007

Como um sonho (Crônica)


Era manhã. 8 horas pra ser mais exato. O sol brilhava mas não fazia calor. Culpa do outono que se ia e do inverno que pedia passagem. Ele olhou para o lado. Na cama ela dormia profundamente. Nunca antes havia estado com uma mulher tão linda. Acendeu um cigarro e começou a passar a limpo a noite anterior.


Estava em casa sem nada pra fazer. Resolveu sair pra beber um pouco, pra tirar da cabeça as preocupações do dia a dia. Pegou o carro e foi conhecer o bar novo na orla. Os ares marinhos sempre lhe faziam bem. Sentou-se num canto e pediu uma cerveja. Bebia lentamente, saboreando cada gole.


Foi então que ela entrou. Sozinha. Vinte em cada vinte homens pararam o que estavam fazendo para olhá-la. Os acompanhados nem disfarçavam. E suas companheiras nem se importavam. Pra dizer a verdade, elas olhavam também. Aquela mulher era qualquer coisa de fantástica. Tinha algo que ele nunca tinha visto em nenhuma outra. Só não sabia o que era. Ficou alguns instantes paralisado olhando-a e teve um sobressalto quando percebeu que ela também o olhava. Até tentou disfarçar, mas não podia deixar de olhar para tal mulher. E quer saber? Que se dane! Voltou a olhar em sua direção e ela ainda o fitava. Tinha um sorriso lindo. Ela se aproximou e perguntou se podia sentar, pois o bar estava cheio e ele era um dos poucos, se não o único, que estava sozinho. Não esperou resposta. E nem precisava.


O garçom trouxe outro copo e entre uma cerveja e outra conversaram amenidades. Nada importante. Falaram sobre o clima, sobre o rio de janeiro, sobre a violência, política...


Resolveram sair. Ele ofereceu carona. Ela aceitou. Falou um endereço que ele achou familiar, mas não se lembrava de onde era. Minutos depois estavam em um quarto de motel, fazendo o melhor e o mais selvagem sexo que ela já tinha feito na vida. Nunca foi belo. Nunca teve muitas mulheres. Transaram por toda a madrugada.


Ela dormiu. Ele não conseguia dormir. Sentou na beira da cama, acendeu um cigarro e se pôs a pensar. A lembrar da noite que passara. Onde foi que a conquistou? O que dissera? O que fez ela se interessar? Enquanto pensava nisso, percebeu que não sabia seu nome, onde morava, o que fazia. Só sabia que a tinha encontrado e agora estavam os dois ali. Prostituta? Não. Eles cobram antes e não dormem. Simplesmente se vão. Não, ela não era uma prostituta. Ele conhecia as prostitutas.


Levantou-se sem fazer barulho. Pôs a roupa, deixou dinheiro para as custas do motel e se foi. Resolveu que nada atrapalharia aquela noite perfeita. Preferia que tudo fosse como um bom sonho. Sem continuação. Sem contato. Sem depois.


Somente a lembrança. E nada mais.




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